Por Daniel Corsi
Ao nos aproximarmos de sua estrutura com dimensões de 300 metros de comprimento por 65 metros de largura, a ESAF se revela imensurável. A extensão ao longo da qual contemplamos a sucessão de seus expressivos pórticos nos revela sua escala arquitetônica: uma construção monumental paralela ao solo que se eleva a 6 metros de seu plano fundamental.
O desenho foi capaz de criar uma arquitetura de ‘arcos horizontais’, cuja beleza singular demonstra uma habilidade geométrica e uma busca pela beleza e precisão de seus traços. São estes nove arcos de concreto armado, em seu estado bruto e com 30 metros de vão que, sombreando o interior da construção numa misteriosa atmosfera, incitam-nos a adentrar e descobrir a pequena urbe ali debaixo protegida.
Através da luz que invade seu espaço interior, somos acolhidos por suas sombras que tanto nos confortam. Desenhadas pela sutil inclinação de seus pórticos, das aberturas zenitais e das inúmeras pérgulas, um novo céu é inaugurado e emoldurado pela arquitetura. No entanto, sob sua cobertura concreta, somos acolhidos não apenas como desbravadores do sol cálido do cerrado, mas também como indivíduos que, diante da dimensão do mundo, é-nos dada a oportunidade de descansarmos daquilo que significa sermos tão diminutos.
Permeado por praças, pátios e jardins, o conjunto de edifícios sob a cobertura da ESAF é definido por três setores principais: o Educativo com Coordenação, Centro de Pesquisa, Laboratórios e Salas de Aula; o Público com Biblioteca, Auditório, Prefeitura, Salão Nobre, Informática, Restaurante; e o de Alojamentos com dependências para a permanência prolongadas de alunos na escola.
Além da evidente importância dos blocos edificados que abrigam seus programas, mais uma vez encontramos aqui sua precisão arquitetônica que configura, com uma mesma sensibilidade, o desenho de seus vazios e caracteriza cada um deles segundo o convívio que deveriam proporcionar.
Referência
Daniel Corsi, Sob a sombra do planalto. A Escola de Administração Fazendária em Brasília, 2013. Via Vitruvius.
- Ano: 1973
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Fotografias:Celso Landim. Via Esaf